sábado, dezembro 30, 2006

Saboreiem este texto da minha amiga AOP, que descreve algumas das vicissitudes do ano que está a terminar, coisas comuns a muitos de nós mas que ela consegue descrever de uma maneira magistral. Está divino:

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

«Nos últimos dias dei por mim a escutar as conversas e auscultar o que vai na alma do povo lusitano. Fala-se das festas da passagem de ano, mais ou menos discretas, mas o que preocupa mesmo a minha gente é o balanço do ano….

Pasmem-se! Depois de 363 dias de “deixa andar” de repente temos um ataque de pânico porque parece que a nossa vida se vai resumir a dois dias em que temos que fazer o balanço!!!!

Reflecti sobre mim própria. Fui buscar o papel onde tinha escrito os juramentos secretos para 2006 e que estava bem escondidinho (quiça com a esperança de algum duende me dar uma ajudinha) e conseguir finalmente sair mais cedo do emprego, passar uns tempos a “bezerrar”, ir ao ginásio e seguir os conselhos do Dr. Fernando Pádua (pois é! o sedentarismo, o colesterol… que a pdi já não perdoa), passar mais tempo com as pessoas que amo……

E confesso que da minha parte, o balanço de 2006 se reflecte mais na balança!!!
É verdade! Este ano o balanço da balança foi o mais problemático!

Enfim, depois de anos a tentar livrar-me da minha pele de adolescente que teima em colar-se a mim, mesmo já sendo Balzaquiana, decidi-me! É agora! E lá fui eu. Não à Corporación Dermostética porque achei que o visual “Lili” não me assentaria muito bem, nem ao Ibérico Nogueira que, enfim, se ele próprio acreditasse no que pratica não seria tão feio e careca!

Fui à Cochito! Essa mesma. A Dermatologista mais famosa da nossa praça. A dos manequins, que embora comam tudo têm sempre uma pele espectacular e não engordam!

Comecei no início de 2006 com os comprimidinhos milagrosos……. E passados 12 meses tenho uma pele linda, mas 10 quilos a mais!!!!!

Logo em Fevereiro apercebi-me que as calças 34, (mesmo experimentando a cinta da minha Mãe!) tinham encolhido! Pronto, não há crise, pensei. Afinal uma gaja com 41 anos não veste o 34… Vai de correr para a Zara a comprar o 36! Difícil, porque esta mania dos espanhóis de entrarem com a Saison d’ Été no Inverno, não lembra a ninguém. Logo, calças 36 só se fossem brancas, de linho, corsários ou derivados. O que, convenhamos, como estava um frio do caraças não dava muito jeito.

Em Abril foi a parte superior “a dar sinal”: passei de copa A para B! Dei por mim a pensar como iria conviver com estes novos “projectos insufláveis” que me tinham aparecido sem eu mandar vir nada. Mas, nova crise ultrapassada! Afinal se a Pamela Anderson convive lindamente com os dela, que são feitos de alforrecas eu posso estar em paz de espírito com o que é natural.

Em Junho foi o maior drama!!!! Mas quem é que com 86-61-91 se enfia dentro de um bikini brasileiro????? Olhei-me ao espelho e pensei: mas como é que eu o ano passado usei fio dental???? Nova viragem: esqueci o bikini brasileiro e comprei umas Levis! YES! Há anos que tentava ter um rabo que ficasse liiiiinnndo numas Levi’s!

Nos últimos meses do ano (secretamente, sem dar o braço a torcer!) andei a ver os “Diários de Bridget Jones”… os clips da Pink, as hips da Shakira, o traseiro da Beyoncé e a perder-me nos pacotes de batatas fritas com presunto…….mas nunca desanimei! O que me fez realmente ultrapassar os balanços às vezes menos positivos da balança, foram vocês, os meus amigos!!!!

Indiferentes aos 48 ou aos 58 Kgs gostam de mim como eu sou e mimam-me. Muito. Agora até tenho mais amplitude para vos poder apertar naqueles xi-corações que eu gosto de vos dar e que prometo continuar a distribuir em 2007……. E sempre!

Então vemo-nos em 2007. Até já.

Um beijo.

AOP »

quinta-feira, dezembro 28, 2006

VOU PR'A LONGE ... DOS PÓLO NORTE

E afinal parece que vou mesmo partir...

Faço-me à estrada
Não penso em mais nada
O que será de mim
Uma história em que o princípio
Mais parecia um fim

Na mala do carro
Só trago a guitarra
E as letras que escrever
Vou falar desta viagem
Que eu não vou esquecer

Vou partir, sem demora
Vou partir

Parto sem saber
Sem saber se sou capaz
Deixo tudo para trás
E vou p'ra longe
P'ra longe...

Se lá vou ficar
O destino irá dizer
Não há tempo a perder
E vou p'ra longe
P'ra longe...

(continua)

A música respectiva não entrou, por isso aqui fica o My Way, neste caso pelo Tom Jones, porque o de Sinatra também não entrou!!! Coisas...

terça-feira, dezembro 26, 2006

O OUTRO LADO DO NATAL....



O outro lado do NATAL... é este amontoado de consumo imediato, que se repete todos os anos!

Até quando? Não acredito que isto possa durar muitos mais anos!!!

Os valores da família, do encontro, da Paz e da serenidade transformaram-se em sacos e embrulhos rasgados das wortens, toys a'us, massimos duttis, decatlons, continentes, jumbos, carrefours, benettons, gatos pretos e brancos, timberlands, swatchs, douglas, fnacs, zaras, springfields, pulls and bears, mangos, bershkas, pepes, etc, etc, etc........

Para o ano vou comemorar o

NATAL para...

OUTRO PLANETA!!!!
(... e já estou de partida... )

domingo, dezembro 24, 2006

O que eu quero que o Pai Natal me traga...

Retoquei os tijolos lá do telhado,
Mandei vir o limpa-chaminés,
Pintei todo o interior de ouro,
Salpiquei a lareira de diamantes,
Pendurei fitas azuis em todo o lado,
Trouxe a lenha mais distante,
Acendi o lume baixinho,
Que ao crepitar liberta carinho.

Tenho as minhas mãos prontas
Para te acariciar o rosto,
Os meus lábios a postos
Para te inundar de beijinhos,
E no meu colo uma manta
Quentinha, p´ra te aconchegar.

E mais: arranjei um sapatinho
Mesmo, mesmo do tamanho de ti...
Em frente ao afago da lareira
Estendi um tapete vermelho...
Sentei-me nele... e fico à espera...
Que o Pai Natal te deixe aqui...

sábado, dezembro 23, 2006

Palavras para quê... é um artista português...

Palavras para quê?
É um artista português
E só usa Pasta Medicinal Couto!

Lembram-se deste anúncio? Terá uns trinta e quantos anos e mostrava um africano a pegar numa cadeira de madeira - daquelas que os nossos pais ou os nossos avós tinham na sala de jantar - com os dentes, depois levantava-a no ar só com a força dos maxilares e rodopiava pelo palco com a cadeira entre os dentes. Por fim, pousava-a, abria os abraços num agradecimento e era aplaudido pela assistência. A preto e branco, claro! Os mais novos não se lembrarão deste anúncio, a não ser que o tenham visto num dos programas que de vez em quando aparecem na TV e que fazem menção a outros tempos audiovisuais.

Outros anúncios houve à pasta de dentes mais utilizada pelos portugueses nos anos 60 e 70, mas é deste que me recordo com mais pormenor. Esta era também a pasta usada em casa dos meus pais. Entretanto, passaram-se muitos anos: as Colgates, as Palmolives, as Aquafreshs tomaram conta do mercado dentífrico, e eu nunca mais vi a Pasta Medicinal Couto. Foi quando, um dia destes, entrei numa daquelas mercearias que ainda resistem aos super e aos hipermercados, e encontrei a mesma embalagem de outros tempos. Não resisti em comprar umas quantas, quem sabe se até para oferecer algumas agora neste Natal. Sim, porque se alguém me oferecesse um símbolo destes eu consideraria uma das melhores prendas deste Natal. Acreditem. Dispenso os ouros e os diamantes, os rolexs e as roupas de marca, para mim fazem mais sentido as coisas simples e, especialmente, quem as dá e a motivação com que as dá.

Boas Festas para todos.

Obrigado por estarem aí!!!


segunda-feira, dezembro 18, 2006

PORQUE NÃO FUI AO HERMAN CIRCO....



É claro que o mundo não se importa com a minha ausência este ano no programa ao vivo do Herman Circo ontem à noite transmitido do Circo Cardinalli no Parque das Nações. Mas eu explico: há cerca de 20 anos que sou funcionário de uma das duas maiores empresas do Grupo Impresa, Grupo que detém o Expresso, a SIC, a Visão, a Caras e mais uma vintena de revistas.

Desde que o Herman passou para a SIC, há uns 5 ou 6 anos, que o Grupo oferece aos seus funcionários e familiares uma presença em directo no programa que é gravado no Circo Victor Hugo Cardinalli e preenche os domingos à noite imediatamente antes do Natal de cada ano, no horário habitualmente ocupado pelo Herman SIC.

Todos os anos tenho ido com a família, não tanto pelo circo - espectáculo de que nem sou grande adepto - mas mais pelo ambiente, pelos colegas e porque o Herman em pessoa ainda é um chamariz.

Este ano não fui e finalmente vou explicar porquê: não tenho pachorra, digo mesmo, pachorra, para a discriminação que a organização faz entre os «mediáticos» e os «outros». Afinal, se são todos colegas e empregados do mesmo patrão, porque razão os José Figueiras, as Fátimas Lopes, as Claras de Sousa, etc, etc, e os seus respectivos filhos, têm direito a figurar na primeira fila e direito a tempo de antena - aliás, todos os anos os mesmos, houvesse pelo menos um pouco de imaginação - e os restantes trabalhadores, cada um com as suas funções imprescindíveis para o bom andamento de todos os sectores, são de vez em quando e quanto muito mostrados fugazmente na plateia como uma amálgama de gente?

Eu sei, as audiências falam mais alto, o filho do jornalista tal da Caras ou do Expresso não davam audiências porque não têm um papá ou uma mamã conhecidos através da TV, mas pelo menos podiam fazer um intervalo, mostrar os conhecidos e de vez em quando convidar os desconhecidos para as primeiras filas.

Atenção, isto não é dor de cotovelo, porque se há coisa que eu não ligo é aparecer. Aliás, prefiro nem aparecer. É só uma questão de justiça para com os funcionários que todos os dias contribuem de uma maneira ou de outra para que o maior Grupo de Comunicação Social em Portugal continue a ocupar o lugar que ocupa.



Herman José ontem na sua roupa circense falando com os «notáveis» que invariavelmente ocupam as primeiras filas do Herman Circo de há 5 ou 6 anos para cá

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Pois é, meus amigos e minhas amigas, decidi dar a face... quer dizer, salvo seja... decidi dar a cara: a época dos diospiros está a chegar ao fim, infelizmente - ainda tenho alguns a amadurecer para os deglutir em êxtase - por isso é chegada a hora de vos assustar um pouco, e em vez do diospiro que alguém também chamou tomate, os meus olhos, o meu nariz, a minha boca e os meus óculos... Eu reconheço, é um grande risco da minha parte dar a cara... possivelmente nunca mais vou ter comentários e as visitas vão cair a pique, mas ficar-me-á a satisfação de os pais poderem abrir o blogue para intimidarem os filhotes quando estes não quiserem comer a sopa... Mas, por favor, voltem sempre, eu sou assim mas não sou má pessoa, hehehe... Beijos e abraços a todos...

(Raramente sou fotografado porque estou quase sempre do lado de trás da câmara, por isso tenho que acrescentar que este registo fotográfico é da autoria da minha amiga Safira... que, como se vê, faz milagres...)

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Bom, uma pausa nas emoções, para dar algum espaço aos Gato Fedorento... e ao HUMOR!

Afinal, o que seria das nossas vidas sem um pouco de... HUMOR?

Mas... é assim, não me apetece falar muito sobre eles. Acho que eles são muito bons, estão muito melhores que no Lopes da Silva, às vezes brincam com umas coisas um bocadinho perigosas... mas fazer humor é complicado, nem todos gostam do que se diz...

E, sendo assim, que tal serem vocês a falarem sobre eles?

Força, fico à espera das vossas opiniões nos comentários e, quiçá (gosto muito deste termo - quiçá, com a acentuação bem aberta!), nos vossos blogues. Se precisarem de imagens eu tenho algumas tiradas da TV, posso emprestadar a quem mo solicitar...

Por isso, adibirtam-se...


(a música agora é o Anjo da Guarda de António Variações... é que também «eu tenho um anjo, anjo da guarda, que me protege de noite e dia, eu tenho um anjo, anjo da guarda... que usa uma luz com que ilumina a minha vida...»

sexta-feira, dezembro 08, 2006

NAUFRÁGIO

Um dia esqueci-me
Que o destino sempre me quis só......
Soltei as amarras e deixei-me
Navegar, velas à solta num mar de sonhos
De brisas doces, horizonte infinito
Alaranjado, magistralmente pintado
Em pinceladas repletas de amor...

Fui, vagueando, só, embalada
Pela magia dum olhar amado
Pelo desejo do encontro

Perdi-me em marés vivas
De paixão
Lutei contra velhos Adamastores,
Guiei-me por estrelas encantadas,
Misteriosas, descobertas nas trevas
Que assombravam o meu coração

Persegui, entre nevoeiro cerrado,
Os sinais que sentia, mesmo na noite densa,
Mesmo só, mesmo longe, tão longe...

Esqueci-me
Que afinal
As ninfas iludem
E a fascinação também naufraga...

Esqueci-me, um dia,
Que o destino sempre me quis só......

Este poema lindíssimo e muito sentido é de Olga Fonseca. Quase todos nós naufragamos um dia, uns no alto mar outros até pertinho da costa, na rebentação das ondas... o que é mais doloroso ainda... Podem crer!
(a tocar «Sózinho» dos Táxi - lembram-se deles?, - um tema que tem tudo a ver comigo neste momento... os comandos da música encontram-se no fim do blog)

quinta-feira, dezembro 07, 2006

007 CASINO ROYALE: THE MOVIE







A Marta viu o último filme do James Bond, escreveu sobre ele para o meu blogue e aqui está o resultado (muito bom e com sentido de humor!)

Ok, gosto de ver filmes de James Bond – vi-os todos, não vi razão para faltar a este.
Já me passou a romântica ilusão de que poderia ser a “Bond Girl” – não tenho as curvas necessárias e estou velha demais…
Fui ver o filme para me divertir e foi exactamente isso que aconteceu.
O genérico será, talvez discreto demais, habituada que estou a efeitos especiais espectaculares, e a canções empolgantes.
Este aproveitou a “personagem principal”, ou seja, as cartas de póquer para se desenvolver.
A canção não fica no ouvido, o cantor é-me desconhecido e sinceramente, neste momento, nem sequer me lembro do título.
Falando do Bond himself, Daniel Craig é bastante convincente.
Apresenta um Bond duro, arrogante, atlético, capaz de aguentar uma perseguição a pé, embora tenha um bom carro à disposição.
O charme realmente não é o seu forte; contribui até para que o enredo seja mais consistente – há realmente uma história, que não é abafada pelos efeitos especiais.
Também há uma história de amor, talvez um pouco previsível, mas bem enquadrada, que faz com Bond reveja o que quer realmente a vida.
A vida que não se limita ao jogo de póquer que ele acabou de ganhar no Casino, (o “Casino Royale”) para “apanhar” um determinado criminoso.
“Casino Royale” não deixa de ser um filme interessante, que surpreende pela positiva.






quarta-feira, dezembro 06, 2006


Ontem ao fim da tarde o ambiente era o mais familiar possível no auditório da SPA em Lisboa, que se encheu de pessoas interessantes e interessadas em acompanharem a viagem que Afonso Dias (na foto ao lado) fez por alguns dos poemas de António Gedeão, em especial os menos conhecidos.

Afonso Dias foi magistralmente acompanhado ao piano por António Hamrol, que também interpretou peças a solo.

Na plateia, muitos notáveis, entre os quais o Presidente da SPA, Manuel Freire, que nem de propósito é o compositor do tema que está tocando e que faz parte da própria história de Portugal, «Pedra Filosofal», e um dos filhos de António Gedeão / Rómulo de Carvalho.

O evento inseriu-se na comemoração do centenário do nascimento do professor poeta ou vice-versa. Em todo o tempo se respirou António Gedeão!



terça-feira, dezembro 05, 2006

Centenário do nascimento de António Gedeão

Inserido no centenário do nascimento de António Gedeão / Rómulo de Carvalho , vai ser apresentado hoje na SPA um CD Multimédia onde Afonso Dias (ver imagem abaixo) homenageia o professor poeta - ou o poeta pedagogo - declamando muita da sua poesia, alguma da qual bem conhecida do grande público, como esta Pedra Filosofal que Manuel Freire interpreta e que é transversal a todas as gerações de portugueses.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
- - - - - - - - - - - - - - -
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que passa através de tudo
num perpétuo movimento.
- - - - - - - - - - - - - - -
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
- - - - - - - - - - - - - - - -
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.




Afonso Dias fotografado por mim nas tertúlias organizadas por Pedro Barroso em Constância em Junho deste ano

segunda-feira, dezembro 04, 2006

TRAFARIA, Quinta-feira, 4 de Dezembro de 1980

A caserna albergava cerca de 30 recrutas. Era a véspera da prova final, que se previa dura, e que iria ditar a classificação final dos elementos do pelotão: os que seriam promovidos e os que ficariam para trás. Por isso o silêncio imperava, o que não era habitual pois geralmente as brincadeiras e a algazarra prolongavam-se até tarde! Mas nessa noite até o algarvio estava calado, e o matosinhense também! Eram eles os mais conflituosos, todos os dias se pegavam um com o outro. Mas nessa noite, não! Concentração total para o dia seguinte!
Foi quando alguém cortou o silêncio e gritou do fim da sala: «O Sá Carneiro morreu!». Alguns tinham um pequeno rádio de pilhas e ficavam ouvindo música até adormecerem. Os que estavam deitados mas acordados puseram-se de pé, surpreendidos. Logo depois veio a confirmação, que ainda não era bem confirmação, era uma suposição pois os jornalistas ainda não tinham chegado ao local, Camarate, em Lisboa, segundo parecia.
Passaram-se longos minutos até se saber mais alguma coisa: então, o que se foi divulgando durante umas horas foi que o 1.º Ministro Francisco Sá Carneiro e o Ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, tinham morrido na sequência da queda da avioneta em que se deslocavam de Lisboa para o Porto. Com eles presumia-se que tinham morrido também os restantes passageiros – que não se sabiam bem quem eram – e o piloto.
Instalou-se um burburinho tal – uns falavam de «atentado, de certeza!», outros eram mais moderados – mas a verdade é que o facto de se irem realizar eleições presidenciais três dias depois com uma disputa muito acesa entre Ramalho Eanes (apoiado pelo PS e pelo PCP) e Soares Carneiro (apoiado pela Aliança Democrática), indiciava que o «acidente» podia não ter sido exactamente um acidente.
O aspirante do pelotão veio à caserna pedir silêncio num tom de voz suave que nos deixou intrigados, pois geralmente ele era muito duro. Algum tempo depois voltou para comunicar que a prova final do dia seguinte fora cancelada e que o quartel estava em estado de alerta!
É claro que quase ninguém dormiu nessa noite, e o dia seguinte amanheceu com a confirmação das mortes, acrescentando-se a elas a companheira de Sá Carneiro, Snu Abecassis.
Bom, como já devem ter percebido, eu estava na tropa nessa altura e por lá fiquei mais um ano e tal. Apesar de as minhas convicções serem anti-militaristas, na altura não tive outra hipótese senão alinhar. Se me fez bem ou mal, não sei…

sábado, dezembro 02, 2006

QUANDO EU TE FALEI EM AMOR
ANDRÉ SARDET


O André Sardet está na moda! Ainda bem! Mas para mim ele já estava na moda há muito tempo porque sempre gostei de o ouvir e das suas composições, algumas delas as baladas mais bonitas que já se fizeram na música portuguesa. Por isso é que está a tocar o «Quando eu te falei de amor», uma canção com muito significado para mim, ou não fosse eu um viciado nestas coisas das emoções... Para vocês cantarem afinados aqui fica a letra:

Quando os meus olhos te tocaram
Eu senti que encontrara
A outra metade de mim
Tive medo de acordar
Como se vivesse um sonho
Que não pensei em realizar

E a força do desejo
Faz-me c hegar perto de ti

Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E o mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanhã vem depois
E não no fim

Estas linhas que hoje escrevo
São do livro da memória
Do que eu sinto por ti
E tudo o que tu me dás
É parte da história
Que eu ainda não vivi.